Centenas de animais são encontrados mortos no Lago do Braço Morto, em Imbé

Secretário de Meio Ambiente seguiu para o local e busca medidas para evitar agravamento da situação; causa seria falta de oxigenação

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Muito peixes morreram no Lago do Braço Morto em Imbé. Foto: Colaboração Litoral na Rede

Uma grande quantidade de peixes foi encontrada morta, nesta quarta-feira (14), no Lago do Braço Morto, em Imbé. Ainda nas primeiras horas da manhã, quem passou pelo ponto turístico da cidade observou a mortandade dos animais, muitos flutuando na água, inclusive de uma tartaruga. Leitores do Litoral na Rede encaminharam as imagens ao portal.

O caso também chegou à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Pesca, Proteção Animal e Agricultura (SEMMAPA). O titular da pasta, Giovani Pereira, seguiu até o Lago do Braço Morto para analisar a situação. Ele disse que, até o final da manhã, ainda não era possível confirmar o número de peixes mortos.

“Eu acredito que seja falta de oxigênio. Há cinco anos aconteceu isso e foi pior do que hoje. Como o lago é pequeno e esquentou demais, mas com aquela chuva de ontem, achei que não iam morrer. Hoje de manhã, apareceram mortos, uma porção de peixes, todos bonitos, graúdos”, lamentou o secretário, em entrevista à reportagem do portal Litoral na Rede.

Giovani informou que estão sendo adotadas medidas para confirmar a causa da mortandade, assim como minimizar os impactos e evitar que mais animais morram.  Amostra de água do lago foi coletada para ser enviada à Fundação Estadual de Proteção Ambienta (Fepam). A secretaria está providenciando bombas para fazer a oxigenação e também avalia transferir parte dos peixes para o Lago da Fonte. “A gente vai ligar bombas aqui e tentar tirar um pouco dessa população de peixes daqui, porque ela fica só se reproduzindo e não sai daqui”, salientou.

Tartaruga morta no lago. Foto: Colaboração Litoral na Rede

Em análise compartilhada pelo prefeito de Imbé, Ique Vedovato, a bióloga e secretária adjunta da SEMMAPA, Nelida Pereira, indica fatores que possam ter contribuído para a situação no lago. “O choque término que os indivíduos sofrem ao entrar no canal de drenagem, a temperatura elevada da água em função do calor atípico das últimas semanas, a estiagem enfrentada no período, o que ocasiona baixo volume de água, que combinada a outros fatores diminui a oxigenação no lago”, apontou.

Por fim, Nelida acredita que “a última chuva e a amenização da temperatura devem normalizar a situação para as próximas horas”.

A Associação Comunitária de Imbé (ACIBM) e o Grupo Comunitário Alameda emitiram nota sobre a morte de peixes no lago. O texto enviado à imprensa diz que que obras de canalização de córregos e valos podem ter afetado “tanto a oxigenação quanto o equilíbrio dos microrganismos e depuração de poluentes”.  E pondera que, a chuva dessa terça-feira (13), teria reduzido a temperatura da água, favorecendo a oxigenação.  “É estranho que isto só aconteceu agora que choveu e baixou a temperatura”, apontam as entidades.

Leia a nota da ACIB e do Grupo Comunitário Alameda

“As intervenções da Prefeitura podem ter influenciado na mortandade dos peixes. Essa era uma preocupação da ACIBM e do Grupo Comunitário da Alameda. Preocupação que nos já havíamos apontado quando oficiamos a Prefeitura com o pedido de informações (Processo 20633/23).

A probabilidade de descarte irregular de dejetos tóxicos e impróprios para desenvolvimento da vida no Braço Morto é de alta probabilidade, o que será comprovado ou não apenas com testes adequados.

Além disso, a canalização de vários córregos e valos, Como o caso da avenida são Miguel e agora da avenida Frederico Westphalen, podem ter afetado tanto a oxigenação quanto o equilíbrio dos microrganismos e depuração de poluentes. A superfície da água exposta ao ar é a principal fonte de entrada de oxigênio. Menos superfície é menos troca gasosa.

A chuva de terça-feira, 13 de fevereiro, levou uma quantidade boa de água nova para o Braço Morto e diminuiu a temperatura, além de repor oxigênio.

Água mais fria comporta mais oxigênio dissolvido. É como quando você coloca açúcar na água até não dissolver mais e precipitar, mas se você esquentar a água ele dissolve bem mais. Com água e oxigênio é o mesmo processo, só que a temperatura mais baixa é que permite mais dissolução, e o que não dissolver vai para a atmosfera como gás

Portanto, o momento desta quarta-feira, 14 de fevereiro, não era especialmente propício a faltar oxigênio, e a quantidade de peixes ser muito grande não explicaria a ocorrência do momento de forma rápida. Além disto, tartarugas respira ar e não água. Pode ser outro tipo de contaminação.

Ficamos um período grande com pouca chuva e renovação de água, alta população de veranistas e produção de esgoto concentrado e altas temperaturas. É estranho que isto só aconteceu agora que choveu e baixou a temperatura.

É importante, inclusive, analisar a carne dos peixes, por que muita gente pesca e consome. É um risco. A vigilância sanitária deveria fazer isso agora.”

 

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