Caraá ainda enfrenta impactos do ciclone de 2023; veja como está a cidade

40 famílias que perderam as casas no município do Litoral Norte ainda aguardam por construção de novas residências; sequência de eventos meteorológicos é desafio para a infraestrutura e economia do município

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Um ano após ciclone, cenário é de destruição em alguns pontos do município. Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

por Rafael Ribeiro e Ticiano Kessler

O Litoral Norte foi uma das regiões mais castigadas pelo ciclone extratropical de junho de 2023. Apenas em Caraá, cinco pessoas morreram, de um total de 16 no Rio Grande do Sul. Pouco mais de um ano depois, as marcas e impactos da tragédia ainda são visíveis em diversos pontos do município de aproximadamente 7,4 mil habitantes.

Neste mês, a reportagem do portal Litoral na Rede visitou Caraá e encontrou lugares ainda com partes dos escombros de construções destruídas pela água, a maioria às margens do Rio do Sinos. Na localidade do Passo das Pedras Brancas, ainda há partes de residências derrubadas pela enxurrada em uma área onde a reconstrução não é mais autorizada devido ao elevado risco.

O prefeito de Caraá, Magdiel Silva, afirma que o maior desafio é construir as casas para 40 famílias que perderam suas moradias entre a noite e a madrugada dos dias 15 e 16 de junho do ano passado. “Essas pessoas hoje estão em casa de familiares, de amigos e em casas locadas. Em breve a gente estará disponibilizando o aluguel social também, que serão R$ 500 direcionados para conta de cada um e cada uma”, salienta.

Conforme Magdiel, o governo federal empenhou o recurso para a construção das moradias, porém o dinheiro ainda não foi liberado. A prefeitura comprou um terreno para o empreendimento, mas ainda resolve pendência em relação ao imóvel. “Falta ainda a gente regularizar a matrícula do terreno que já foi comprado”, explica.

Em alguns casos, como o do casal Darcy e Maria Nazaret Sant’Ana, a opção foi reconstruir a casa por conta própria. Eles não se cadastraram em nenhum programa de governo e contam com auxílio de familiares e amigos para erguer uma nova casa no lugar da que foi destruída na localidade da Prainha dos Fernandes.

Darcy e Maria Nazaret Sant’Ana. Foto: Ticiano Kessler / Litoral na Rede

Apesar de ser o impacto do ciclone de 2023 que mais preocupa os gestores do município, a questão habitacional não é a único problema deixado pelo fenômeno adverso. De lá para cá, Caraá enfrentou outras seis enchentes e temporais, de menor proporção, mas que contribuíram para ampliar o desafio de voltar à normalidade.

“A gente tem que refazer toda a malha viária toda vez que acontece uma cheia. Isso envolve custos e envolve recursos, mas principalmente também acaba atrapalhando até a própria economia do município, que é baseada na agricultura. Toda vez que isso acontece acaba impactando diretamente também na própria economia do município, como a questão da infraestrutura e da agricultura”, pontua o prefeito, que decidiu não concorrer à reeleição em 2024.

Série de enchentes, rios assoreados e desafios no monitoramento

Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

O cenário pós-ciclone em Caraá, somado às demais enchentes dos últimos 12 meses, também é desafiador para o trabalho da Defesa Civil Municipal. O coordenador do órgão, Antônio Augusto Borges, conta que a única régua para medição do nível do Rio dos Sinos, que era mantida pelo governo do Estado, estragou em julho do ano passado.

Além disso, ele pontua que houve mudança nos padrões das cheias. “O grande desafio é o assoreamento. Em junho [de 2023], o movimento da quantidade de água, bem como a energia associada a essa correnteza, provocou muitos deslocamentos de pedras, de material inerte, que acabou assoreando todos os rios e arroios. Com isso, a gente perdeu todas as referências de nível que tínhamos anteriormente”, explica Borges.

O coordenador de Defesa Civil indica ainda que, mesmo chuvas em volumes menores, acabam causando algum tipo de impacto. O trabalho agora é realizado com um monitoramento presencial dos cursos d’água. A intenção, no entanto, é buscar recursos tecnológicos para tornar mais efetivas as medidas de prevenção às enchentes. O município estuda adquirir um sistema de videomonitoramento para acompanhar os níveis de rios e arroios.

Outra preocupação com as chuvas excessivas são os deslizamentos de terra. Em algumas áreas de maior risco do município, moradores foram orientados a monitorar possíveis alterações, sobretudo quando ocorrem precipitações mais expressivas. “Temos pelo menos três ou quatro locais que são monitorados permanentemente”, informa.

O ciclone de 2023 provocou oito mortes no Litoral Norte. Outras três aconteceram em Caraá. Também houve transtorno e prejuízos em outras cidades da região.

Assista o vídeo:

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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede
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Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

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