





Um boto que apareceu morto na faixa de areia do Balneário Mariluz, em Imbé, está chamando a atenção dos moradores que diariamente caminham pela beira da praia para se exercitar. O animal está há dois dias no local próximo a guarita 118. Junto com a mulher, Jorge Garibaldi acorda cedo para fazer as caminhadas diárias.
O morador enviou fotos do animal ao Litoral na Rede e compartilhou as imagens em grupos de WhatsApp das comunidades. Ele contou que visualizou o animal ontem e nesta quarta-feira (02). “Compartilhei na esperança de que alguém pudesse verificar e encaminhar uma solução para retirar e recolher o animal. Eu não sei quem procurar, por isso, compartilhei”, relatou Jorge Garibaldi.
O Litoral na Rede entrevistou e encaminhou as imagens ao professor e pesquisador do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar/UFRGS), Ignacio Moreno, que coordena também o projeto Botos da Barra, para saber qual seria a espécie e as prováveis causas da morte do animal. “Não é possível, pelas imagens, ter 100% de certeza de qual espécie é este animal, mas é provável que seja o Boto-de-Lahille ou o Golfinho-nariz-de-garrafa”, afirma o biólogo.
Ignacio Moreno explicou que é mais provável que seja o Boto-de-Lahille (Tursiops gephyreus). A espécie é ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul, no Brasil e no Mundo. “É uma perda inestimável. Essa espécie é a mesma dos botos que admiramos na Barra, no Rio Tramandaí. São animais costeiros, mas não sei dizer se este que morreu, são dos entram na Barra ou os que habitam a região costeira, sem entrar na Barra, do Rio Tramandaí”, informou.
De acordo com o pesquisador, a população total do Boto-de-Lahille é desconhecida em todo o mundo, mas acredita-se que não existam mais de 400 animais adultos reprodutivos. “É uma espécie que se distribui desde o centro da Argentina até o Paraná. É muito preocupante, pois como estes animais são costeiros, as ações antrópicas degradantes como redes de pescas, poluição e o trânsito de embarcações no ambiente deles é prejudicial”, alertou.




No caso do Golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus), Ignacio Moreno explicou que a espécie é mais tropical. “A presença do Golfinho-nariz-de-garrafa no nosso litoral ocorre geralmente nos meses mais quentes, a partir de setembro. Eles vêm acompanhando as correntes marítimas mais quentes do Brasil e os ramos costeiros. É relativamente comum ver essa espécie no nosso litoral, na costa. Ao contrário, no inverno eles ficam bem mais afastados da costa, mais para o norte. Ainda não se conhece bem esta dinâmica”, explicou.
Por fim, o pesquisador ressalta que devido a pandemia, o Ceclimar/UFRGS está fechado. “Não é possível saber em que circunstâncias este animal morreu, aparentemente é um adulto”, concluiu Ignacio Moreno.



