Boto encontrado morto não fazia parte do grupo que interage com pescadores

Conclusão é da equipe do Projeto Botos da Barra; animal foi localizado morto, nesta semana, na beira da praia de Tramandaí

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Boto-de-Lahille passou por necropsia no Ceclimar. Foto: Ceclimar / UFRGS

O boto-de- Lahille, encontrado morto na beira da praia de Tramandaí, na última quarta-feira (18), não faz parte do grupo de animais da mesma espécie que interage com pescadores na Barra do Rio Tramandaí. A conclusão é dos pesquisadores do Projeto Botos da Barra, desenvolvido pelo Centro de Estadudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar / UFRGS).

“Os botos residentes no canal do estuário são monitorados sistematicamente pelo Projeto Botos da Barra há 10 anos contando com o conhecimento tradicional dos pescadores de tarrafa. Ao longo desse período e através da técnica de fotoidentificação com auxílio dos pescadores, foi construído um catálogo de indivíduos que permitiu que a comparação fosse realizada junto ao nosso banco de dados”, explica nota assinada pelo coordenador do projeto, o professor e pesquisador da UFRGS, Ignacio Moreno.

O texto também afirma que “os pescadores artesanais de tarrafa profissionais, que pescam cooperativamente com os botos no canal do estuário e que integram o Projeto Botos da Barra, também identificam que o indivíduo em questão não faz parte do grupo de botos residentes”.

O animal foi localizado morto por guarda-vidas entre as guaritas 146 e 147, na área central de Tramandaí. O indivíduo era um macho sub-adulto de 2,92 metros de comprimento (os adultos chegam a medir até 3,85 metros).

O boto passou por necropsia, realizada pelo médico veterinário Derek Blaese e pela bióloga Janaina Wickert, do Ceclimar, com acompanhamento da bióloga Elisa Ilha, do Projeto Botos da Barra. A causa da morte ainda está sendo avaliada. O laudo deve ficar pronto em até 20 dias.

“Além de marcas externas no corpo, causadas por interação severa com redes de pesca, o indivíduo também apresentava lesões nos pulmões e o estômago vazio, o que poderia indicar que o animal já estava debilitado. Destacamos, ainda, que as marcas de rede apresentadas pelo animal não foram ocasionadas por redes de tarrafa (apetrecho utilizado na interação da pesca cooperativa na Barra do rio Tramandaí), mas por redes utilizadas no ambiente marinho”, apontam os pesquisadores.

Ameaça de extinção

O boto-de-Lahille (Tursiops gephyreus) é uma espécie que habita águas costeiras próximas à zona de arrebentação, baías costeiras e águas adjacentes de estuários e lagoas costeiras nos estados do Sul do Brasil, no Uruguai e em parte da Argentina.

É conhecida pela sua interação com pescadores de tarrafa. Sua categorização como uma espécie ameaçada de extinção é justificada pela existência de poucos indivíduos, que têm uma distribuição restrita e muito próxima das regiões costeiras, sofrendo com a pressão das atividades humanas.

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