
Dois animais marinhos, de espécies ameaçadas de extinção, foram encontrados mortos em praias do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. As causas das mortes de um boto-de-Lahille e de uma toninha estão sendo investigadas pelos pesquisadores do Centro de Estudo Costeiros Limnológicos e Marinhos (Ceclimar / UFRGS), em Imbé.
Na manhã dessa quarta-feira (18), guarda-vidas encontraram um boto morto na beira da praia de Tramandaí. O animal, que estava nas proximidades das guaritas 146 e 147, é da mesma espécie dos indivíduos que ingressam no Rio Tramandaí para a pesca cooperativa com os pescadores artesanais.
Horas depois, durante a tarde, a Patrulha Ambiental de Capão da Canoa, localizou uma toninha (Pontoporia blainvillei) morta na praia de Curumim. Os policiais recolheram o animal e encaminharam ao Ceclimar.
Sobre o boto, a bióloga e pesquisadora do Ceclimar, Janaina Wickert, informou que o animal era um macho adulto, de 2,92 metros de comprimento, da espécie Tursiops gephyreus. “Foi coletado material para análise para tentar determinar a causa mortis e para tombamento na Coleção Científica do Museu de Ciências Naturais – MUCIN. É uma espécie recém revalidada e ameaçada de extinção no Brasil”, lamentou a pesquisadora.
Além de Janaina, outra bióloga, Elisa Ilha, que integra o projeto Botos da Barra, e o médico veterinário Derek Blaese, atuam na análise do animal. Os pesquisadores analisam se o boto achado morto é dos que interagem com os pescadores.
No caso da toninha, o professor e pesquisador do Ceclimar/UFRGS, Ignacio Moreno, disse que o animal é uma fêmea, aparentemente adulta. “Provavelmente é mais uma vítima das redes de pesca. Infelizmente as toninhas não tem um sonar tão refinado pra perceber as redes e acabam morrendo. Não tenho como afirmar, mas a probabilidade é relativamente grande, já que um dos principais problemas de conservação da toninha em todo o Atlântico Sul Ocidental é a mortalidade em redes de pesca”, explicou.
Ignacio Moreno ressaltou, no entanto, que o pescador não tem intenção de capturar o animal. “Eles colocam a rede para capturar animais de valor comercial e a toninha que usa o mesmo ambiente, atrás dos peixinhos, acabam não percebendo as redes”, finalizou.
