Atropelamentos de anfíbios terrestres diminuem 80% com medidas de proteção na Rota do Sol

Monitoramento de espécies acontece desde 2017

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Estruturas aéreas construídas na Rota do Sol para proteger espécies ameaças de extinção. Foto: Daer / Divulgação

O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), informou nesta sexta-feira (15), que a incidência de atropelamentos de anfíbios terrestres diminuiu em 80% na Reserva Biológica Mata Paludosa, na ERS-486 (Rota do Sol), em Itati, em relação ao mesmo período do ano passado. O motivo, segundo a autarquia, é graças a implantação de medidas de proteção à fauna instaladas na rodovia.

“Hoje, o Daer e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental são referências em licenciamento ambiental para a construção de rodovias. Nosso trabalho conjunto transformou o Rio Grande do Sul em uma referência no país, demonstrando nossa preocupação com estradas, sim, mas com a fauna, também. Temos consciência de que precisamos ter cuidado com o ambiente. Nosso orgulho é o trabalho na Rota do Sol, com trabalhos técnicos que viraram referência para o Brasil. Esta é uma área importante, que precisa ser muito mais valorizada no país”, afirmou o diretor-geral do Daer, Luciano Faustino, na mesa de abertura do seminário.

Ao lado dele, a secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, destacou: “Precisamos repensar a questão do licenciamento, trazê-lo para o século atual. Nosso trabalho primordial, como gestores, é usar as tecnologias, avaliar os resultados e verificar quais caminhos trilhar para reduzir os impactos no meio ambiente. E isso se faz com inovação, que não é apenas uso de novas tecnologias, mas mudança de pensamento”, declarou.

Algumas espécies protegidas só existem neste local no Sul do Brasil e estão ameaçadas de extinção. É o caso da perereca-macaca (Phyllomedusa distincta), perereca-castanhola (Itapotihyla langsdorffii) e perereca-risadinha (Scinax rizibilis). O sistema de travessias utilizado para proteção, com passagens aéreas, inferiores e cercas direcionadoras, constitui uma iniciativa inédita no Brasil, construído do zero, já que não havia referências anteriores em que se basear.

O procedimento para evitar o impacto do tráfego sobre a fauna na ERS-486 (Rota do Sol) começou em 2017/2018, com a realização da primeira etapa de monitoramento. Entre 2020 e 2021, foram construídas seis passagens terrestres e cinco aéreas para permitir o deslocamento dos animais, com localização baseada no monitoramento anterior.

As aéreas ainda dependem do crescimento da vegetação, mas as terrestres apresentaram resultados animadores para os planejadores. Cercas foram colocadas nos acostamentos, direcionando os animais para pontilhões existentes no local, evitando os atropelamentos de pequenos e médios mamíferos e algumas espécies de répteis e anfíbios. Entre 2022 e 2023 foi finalizada a terceira etapa, com a obtenção dos resultados.

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