Assembleia Legislativa do RS concederá medalha Mérito Farroupilha a líder do MST

Autor da proposta alega que João Pedro Stédile contribuiu "para a democratização do acesso à terra"; oposição classifica como "desrespeito aos gaúchos"

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João Pedro Stédile, líder dos trabalhadores rurais sem terra. Foto: Rafael Stédile / MST

O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, será agraciado com a medalha Mérito Farroupilha, maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS). A homenagem, proposta pelo deputado Adão Pretto Filho (PT), está marcada para o dia 16 de dezembro e ocorrerá na sede do Legislativo estadual.

A decisão, aprovada por unanimidade pela Mesa Diretora em fevereiro deste ano, gerou polêmica entre os parlamentares. Um dos principais opositores é o deputado estadual Capitão Martim (Republicanos), que lidera um movimento contrário à entrega da medalha. Até o momento, o deputado afirma ter reunido mais de 25 mil assinaturas em repúdio à homenagem.

“Recebemos mais de 25 mil assinaturas contra essa homenagem a um líder de movimento conhecido por invasões e táticas criminosas. É um desrespeito aos gaúchos”, declarou Capitão Martim.

Por outro lado, Adão Pretto Filho defendeu a iniciativa, destacando a importância do trabalho de Stédile à frente do MST, o que justifica, na opinião do deputado, a concessão da medalha entregue a pessoas que contribuíram para o desenvolvimento econômico, social e cultural do estado. A condecoração foi criada em 1995.

“Essa medalha reconhece a contribuição de João Pedro Stédile para a democratização do acesso à terra, a produção de alimentos saudáveis e o combate à fome, uma das principais bandeiras do movimento”, argumentou o parlamentar.

Mudança no critério

Também contrário à homenagem proposta a Stédile, o deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) anunciou que vai protocolocar na próxima segunda-feira (9) um projeto de resolução que poderá modificar a forma de escolha dos homenageados.

Pelas normas atuais, um deputado apresenta a proposta e a Mesa Diretora autoriza ou não a concessão da honraria. A resolução de 2009, válida atualmente, prevê a concessão a cidadãos brasileiros ou estrangeiros que “por motivos relevantes” tenham se tornado merecedores da homenagem.

Já o projeto de resolução que deverá ser apresentada por Lorenzoni quer delegar ao plenário da Assembleia Legislativa a decisão de autorizar novas homenagens.

Entre os já condecorados com a medalha, nomes como os músicos tradicionalistas Gildinho e Pedro Ortaça, os ex-jogadores Luis Suárez e D’Alessandro, o ex-deputado federal Jean Willys e Eduardo Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, filho e esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro, respectivamente.

Quem é João Pedro Stédile

Nascido em Lagoa Vermelha, na Região Nordeste do Rio Grande do Sul, João Pedro Stédile tem 70 anos e é formado em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Também possui pós-graduação na Universidade Nacional Autônoma do México.

Ele foi um dos fundadores do MST em 1984. Atualmente, Stédile coordena o movimento em âmbito nacional, reconhecido por sua atuação na luta pela reforma agrária, produção de alimentos saudáveis e combate à fome.

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