Advogados tentam reduzir penas de mãe e madrasta de Miguel; MP contesta argumentos

Segundo dia do júri popular das acusadas de matar o menino é marcado argumentações da acusação e das defesas; acompanhe ao vivo

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Advogados e advogadas e as rés. Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

O segundo dia de julgamento do Caso Miguel, nesta sexta-feira (05), no Foro de Tramandaí, é destinado para a etapa de argumentações da acusação e das defesas. Enquanto os advogados buscavam convencer os jurados de que as rés não cometeram todos os crimes pelos quais foram denunciadas, os promotores de justiça apresentavam detalhes da investigação que levou Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e de Bruna Nathiele da Rosa ao banco dos réus.

Mãe e madrasta, são acusadas de assassinar o menino Miguel dos Santos Rodrigues, de sete anos, em 2021, no município de Imbé. O promotor André Tarouco, do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), utilizou todo o seu tempo, de 02h30min, para desconstruir as teses das defesas da mãe e da madrasta, apresentando provas colhidas pela Polícia Civil.

O promotor mostrou os vídeos gravados que foram localizados no aparelho celular da madrasta. As imagens mostram Bruna torturando psicologicamente Miguel. As ameaças, na maioria das vezes, eram feitas com o armário fechado com cabos de vassoura e cadeado. Ao que tudo indica, o menino estava trancado dentro dele.

Tarouco chamou a atenção para o fato de que Miguel pouco respondia as ameaças e perguntas da madrasta. Percebe-se nas gravações que ele estava com uma voz fraca, de medo. Nestas imagens, o menino não aparece.

Outro vídeo mostra Bruna gravando Yasmim, que estava se arrumando para ambas saírem. Mais uma vez, o promotor chamou a atenção do júri e mostrou que o armário estava trancado. Durante a exibição das gravações, sempre de cabeça baixa, Yasmim chorou ao lado dos advogados.

Corrente era utilizada para acorrentar o garoto, segundo o MPRS. Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

André Tarouco apresentou ainda conversas trocadas pelo WhatsApp entre as rés e pesquisas realizadas no Google, pela mãe do menino. Após a morte do próprio filho, segundo o promotor, ela pesquisou: “como saem impressões digitais na água salgada do mar”; “como saem impressões digitais de objetos”.

A acusação também exibiu as imagens de câmeras de segurança que registraram o trajeto da pousada, onde viviam o casal e o menino, até o Rio Tramandaí, onde elas jogaram o corpo da criança, que nunca foi encontrado.

O promotor relatou que a descoberta da mala foi graças a atitude de uma moradora que a localizou em uma lixeira. “Essa moradora, ao ler as notícias sobre o caso, foi descartar o lixo e localizou essa mala. Ela desconfiou e acionou a polícia. Graças ao anjo Miguel, o lixo não foi recolhido naquela manhã”, declarou ao afirmar que a perícia comprovou material genético do garoto na mala.

O MPRS enfatizou a humilhação a que Miguel era submetido e retirou outras provas coletadas pelos policiais, como a camisa com sangue e cheiro de fezes, que era de Miguel. Também lembrou da corrente apreendida na casa, reafirmando a convicção de que era para aprender o menino.

Material apreendido é exposto pelo promotor. Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

“Em depoimentos, vizinhos afirmaram que o apartamento delas sempre estava fechado. Janelas, portas, portas da sacada. Tudo sempre ficava fechado”, afirmou o promotor que pediu a condenação de ambas.

Yasmim e Bruna são acusadas pelo MPRS e respondem por homicídio triplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver.

Defesa de Yasmim

Advogada Thais Constantin, defensora da mãe de Miguel. Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

A advogada Thais Constantin e o advogado Gustavo Kronbauer que atuam na defesa de Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, falaram aos jurados e não pediram a absolvição de sua cliente.

Thais Constantin declarou que busca um julgamento “justo e honesto” para Yasmim e afirmou que foram extrapolados limites legais no processo. Em um dos momentos mais fortes, a defensora declarou que a sua cliente deve ser responsabilizada e condenada, mas por homicídio culposo. “Isso aqui não é homicídio doloso. Não há prova da vontade de matar o menino”.

O advogado Gustavo Kronbauer refutou a denúncia quanto ao dolo na conduta de Yasmjn. Mãe de Miguel, segundo ele, foi omissa e negligente, mas não queria matar o filho. “Não existe dolo direto”.

Defesa de Bruna

Advogados Ueslei Natã Dias Boeira, defensor da madrasta de Miguel. Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

Os advogados Ueslei Natã Dias Boeira, Rafael Santos Oliveira e a advogada Charline Xavier Fonseca atuaram na defesa de Bruna. Os três falaram no Tribunal do Júri.

Olhando diretamente para Bruna, Ueslei Natã Dias Boeira disse: “você não nasceu em um presídio e não morrerá em um presídio. Aos jurados declarou que ela tem que ser condenada por aquilo que fez “tortura e ocultação de cadáver”.

A defesa de Bruna sustenta que ela não matou nem concorreu para a morte do menino. “Não deve pagar por algo que ela não fez”, disse a advogada Charline Xavier da Fonseca.

Réplica e a tréplica; acompanhe ao vivo

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