“A pessoa mais fria que vi na minha carreira”, diz delegado sobre mãe de Miguel

Antônio Carlos Ractz Jr. foi a primeira das noves testemunhas ouvidas no júri de mulheres acusadas de matar o menino de 7 anos

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Delegado Antônio Carlos Ractz Jr foi a primeira testemunha ouvida no júri do caso Miguel. Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

O delegado de Polícia Antônio Carlos Ractz Jr. foi a primeira testemunha ouvida no júri do caso Miguel, que teve início na manhã desta quinta-feira (05), no Foro de Tramandaí. A mãe do menino, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, e a ex-companheira dela, Bruna Nathiele Porto da Rosa, são acusadas de matar a criança de sete anos, em Imbé, e jogar o corpo no Rio Tramandaí.

“No interrogatório dela, eu me deparei com a pessoa mais fria que vi na minha carreira. Eu me emocionei. Eu chorei. A frieza dessa mulher, como ela falava em relação ao filho, a ausência total de sentimentos. Ela preocupada com a temperatura do ar condicionado e eu com a questão da criança, eu queria saber, porque a criança pode estar viva em algum lugar, eu tenho chance de salvar essa criança?”, relatou o delegado ao recordar o primeiro depoimento de Yasmin, quando ele foi até a delegacia para registrar o desaparecimento de Miguel e acabou presa.

Ractz depôs por quase três horas e detalhou diversas etapas da investigação, que resultou no indiciamento das duas mulheres. Sobre Bruna, ele apontou que concluiu sobre o envolvimento da madrasta ao encontrar vídeos em seu celular.

“Eu me deparo com esses dois vídeos em que o Miguel está no armário e a Bruna falando com ele, ameaçando ele. Ele não tem força para falar. Aquilo ali já me faz a conclusão: ela tá envolvida”.

O delegado também destacou mensagens trocadas entre Bruna e a então companheira: “Ela troca mensagens com a Yasmin, são as mais frequentes, para comprar uma corrente para acorrentar o Miguel. Não só mataram essa criança. A criança era presa num fosso, era acorrentada, mantida nesse armário”, afirmou.

Em determinado momento, Ractz foi interrompido pelo juiz Gilberto Pinto da Fontoura, após uma manifestação mais dura.

“Ela é mentirosa, uma sem vergonha. Não tenho respeito nenhum por ela. Ela é um monstro”, disse o delegado. O magistrado interrompeu: “O senhor não pode… por favor, delegado. Vamos ter consideração igual pela acusada, ela vai ter um julgamento de acordo com prova nos autos”, advertiu.

O júri foi interrompido para almoço e seria retomado às 13h30, com mais depoimentos de testemunhas. Ao todo são nove. A previsão é que o julgamento só termine nesta sexta-feira (05) pela manhã.

A mãe e a madrasta do menino foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e respondem por homicídio triplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver. As qualificadoras são motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Advogados da mãe e da madrasta que são rés pela morte do menino Miguel. Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

Nota da defesa de Yasmim

A defesa de Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, patrocinada pela advogada Thais Constantin, informa que o sorteio dos jurados ocorreu dentro das regularidades, de acordo com o esperado.

A defesa também ressalta que o primeiro depoimento da autoridade policial foi emotivo, permeado por percepções pessoais e que extrapolou o viés técnico. Isso afasta a imparcialidade, que é a base de uma investigação.

A defesa acredita que todo caso deve receber a mesma atenção e na fala do delegado, mais de uma vez, ficou claro que os esforços para fazer uma investigação de alto padrão foi um mérito deste caso somente.

AO VIVO: julgamento é retomado após intervalo; assista

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