“A gente não vai conseguir se despedir, mal vou conseguir fazer um velório”, lamenta filha de homem que teve corpo trocado no DML

Corpo de morador de Osório foi entregue para outra família e sepultado

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Jorge Antônio Nascimento e Silva, de 52 anos, faleceu domingo em Osório e seu corpo foi entregue à família errada no DML de Porto Alegre. Foto: Arquivo pessoal

A cozinheira Michele da Silva, moradora de Osório, tenta há três dias retirar o corpo do pai que faleceu no último domingo (17), do Departamento Médico-Legal (DML), em Porto Alegre. Nesta terça-feira (19), ela foi surpreendida com a informação de que o corpo de Jorge Antônio Nascimento e Silva, de 52 anos, foi entregue por engano a outra família e que, inclusive, já havia sido sepultado.

“ [Estou me sentido] triste porque agora eu não vou conseguir velar ele com o caixão aberto, a gente não vai conseguir se despedir, mal vou conseguir fazer um velório”, lamentou Michele em entrevista ao Litoral na Rede. Foi a filha, que mora outra casa no mesmo terreno, que encontrou o pai morto no fim da manhã de domingo ao chama-lo para almoçar. Jorge teria sofrido um mal súbito e estava caído no quarto do imóvel onde residia.

Além da perda, a família, que depende do serviço de assistência social para realizar o sepultamento, passou a enfrentar a burocracia.  O corpo foi levado para a Capital porque no dia não teria plantão no Posto Médico Legal de Osório, que atende o Litoral Norte.

Primeiro, o corpo não foi liberado para o irmão de Jorge que mora na Capital e a filha teve que ir até o DML.  Na segunda-feira (18), Michele contou que enfrentou problema por não ter em mãos um documento da Assistência Social de Osório para autorizar a funerária a realizar um procedimento necessário porque o óbito havia ocorrido há mais de 24 horas.

Teve que retornar para casa no Litoral Norte e fazer uma nova viagem a Porto Alegre nesta terça-feira.  Foi quando descobriu o erro.  “Chegamos lá, eles pediram para aguardar para fazer o reconhecimento. Quando eu entrei, a moça perguntou se eu tinha certeza que eu queria ver meu familiar porque ele estava bem machucado e tinha levado vários tiros. Eu disse, mas meu pai não levou tiro”, relatou Michele sobre o momento que percebeu que algo estava errado.

Conforme a moradora de Osório, depois de algum tempo, ela e o tio foram chamados em uma sala por um responsável pelo DML, que informou ter ocorrido um equívoco e que o corpo de Jorge havia sido entregue em um caixão lacrado para a funerária contratada por outra família e sepultado.

“Garantiram que hoje (terça) ainda conseguiram trazer o corpo de volta, mas não conseguiram. Enrolaram, enrolaram e não conseguiram retirar, alegaram que o cemitério já estava fechado”, disse a cozinheira. Michele também foi informada que seria preciso uma autorização judicial para que o corpo de seu pai fosse retirado do local onde foi sepultado para ser levado de volta ao DML e liberado para a cerimônia de despedida.

Ela contou que não foi informada onde o corpo está enterrado e que retornará a Porto Alegre nesta quarta-feira (20) na esperança de conseguir leva-lo para sepultamento em Osório. A família informou que registrou uma ocorrência sobre o caso e que pretende buscar reparação judicial.

Leia também: Departamento Médico-Legal abre procedimento interno para apurar troca de corpos

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