Médico que esqueceu gaze dentro de paciente durante parto é denunciado por homicídio culposo no RS

Dois meses após dar à luz, mulher morreu vítima de sepse abdominal e insuficiência renal aguda

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Foto: Ahmad Ardity / Pixabay / Ilustração

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou nesta quarta-feira (24) um médico obstetra que, durante cirurgia de cesárea, esqueceu uma gaze dentro do corpo de uma mulher em trabalho de parto. A vítima, Mariane Rosa da Silva Aita, de 39 anos, morreu dois meses após dar à luz.

O caso ocorreu no hospital de Parobé, cidade gaúcha localizada no Vale do Paranhana. Conforme o MPRS, o fato que deu causa à morte de Mariane aconteceu no dia 12 de junho do ano passado. Ela recebeu alta hospitalar dois dias depois.

Cerca de dois meses após ser liberada, porém, a vítima procurou novamente atendimento médico devido a dores abdominais. Após atendimentos e processos cirúrgicos, ela morreu no dia 23 de agosto de 2023.

De acordo com a denúncia da promotora de Justiça Sabrina Cabrera Batista Botelho, o médico que realizou o parto de Mariane cometeu crime de homicídio culposo, sem intenção de matar, durante o exercício da profissão.

Por este fato, e por entender se tratar de “comportamento extremamente reprovável, incompatível com o propósito da medicina e danoso à coletividade”, ela requereu medida cautelar de suspensão do exercício da atividade cirúrgica pelo denunciado.

Além disso, em caso de deferimento, a promotra também requereu que sejam comunicados o Conselho Regional de Medicina (CREMERS) e o hospital de Parobé onde a vítima morreu – e que também passou por novos procedimentos cirúrgicos meses depois do parto para retirada da gaze. Botelho também requereu que seja fixado um valor para reparação de danos em favor dos sucessores de Mariane e denunciou o obstetra por falsidade ideológica.

“No exercício da medicina, [ele] omitiu, em documento público, declaração que dele devia constar, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”, disse a promotra na decisão. Segundo ela, este fato ocorreu no dia 15 de agosto, após o profissional omitir no prontuário médico da paciente, em nova cirurgia, a localização e a retirada da gaze do corpo de Mariane.

A causa da morte foi sepse abdominal, causada por infecção, e insuficiência renal aguda. Ela deixou seis filhos, sendo um deles o bebê recém-nascido.

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