Em Itati, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, é lei: 100% dos recursos federais destinados à merenda escolar são aplicados na aquisição de alimentos produzidos por agricultores familiares. A iniciativa do município ganhou destaque internacional e foi apresentada em um evento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), realizado no Panamá.
Ligada ao campo, a nutricionista da prefeitura de Itati, Samanta Sparremberger Desidério, foi quem idealizou a legislação, em vigor desde 2019, no município de aproximadamente 3 mil habitantes. Ela integrou a comitiva brasileira na missão internacional, no fim de setembro, junto com representantes do Ministério da Educação e profissionais de outras quatro cidades brasileiras: Capitão Leônidas Marques (PR), Maravilha (SC), Lucena (PB) e Mogi das Cruzes (SP).
Samanta relatou aos representantes de diversos países da América Latina e do Caribe sobre a experiência em que 100% dos recursos do Fundo Nacional para Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a merenda escolar são para comprar alimentos da agricultura familiar. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) estabelece percentual mínimo de 30%.
No caso de Itati, o trabalho é realizado em parceria com a Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Coomafitt), que reúne mais de 270 associados. Metade dos alimentos da merenda escolar servidos aos cerca de 500 alunos das duas escolas municipais é orgânica.
Samanta aponta que a iniciativa garante merenda de qualidade e estimula a permanência de jovens no campo. “A intenção é promover a valorização da agricultura, promover saúde, a educação alimentar das crianças, com comida de verdade. E fomentar a sucessão rural, porque tem a garantia de recursos, por meio dessa política pública. Há muitos jovens na nossa região e é importante eles verem o quanto têm potencial, mesmo em um município pequeno, para propor iniciativas para a cidade grande, a gente não precisa sair daqui”, disse a nutricionista ao Litoral na Rede.
Ela foi convidada para a missão depois de participar do Reality Show Merendeiras do Brasil, criado pelo FNDE, representando a região sul do Brasil, junto com uma das merendeiras de Itati, Rosani Justin do Santos. A dupla ficou em terceiro lugar na competição nacional. As despesas da viagem para o Panamá foram custeadas pela FAO, sem qualquer custo ao município.