
Depois de 26 anos, a Associação Educadora São Carlos (AESC) deixará de ser a mantenedora do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, de Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A decisão tomada pela instituição foi comunicada em julho às autoridades do município e a transição é acompanhada tanto pela prefeitura municipal quanto pelo Ministério Público Estadual.
O processo de sucessão para uma nova gestão não tem prazo para ser concluído, mas a ideia é que uma nova mantenedora assuma o hospital ainda em 2023. Na semana passada, foi realizada, na Promotoria de Justiça de Torres, uma reunião sobre a transição. Na oportunidade, os representantes do Hospital destacaram que a intenção é que não ocorra prejuízo algum aos serviços prestados.
A continuidade dos atendimentos foi garantida pelo diretor executivo de Saúde Complementar da AESC, Maximiliano das Chagas Marques, ao responder perguntas enviadas pela reportagem do portal de notícias Litoral na Rede. O gestor também participou da reunião no Ministério Público.
“Conduzimos esse procedimento de forma aberta, pública e dialogada, justamente para que todos saibam que a continuidade do hospital é o nosso maior valor. A semelhança de valores e de interesses da instituição que venha a se construir como sucessora também são requisitos de todo esse processo”, afirmou o diretor.
Marques explicou ainda a decisão da AESC em relação ao Hospital Nossa Senhora dos Navegantes: “A AESC, em seu planejamento estratégico, tomou a decisão de concentrar os seus serviços de saúde em torno de onde estão as suas maiores unidades, que hoje se concentram na cidade de Porto Alegre”.
A instituição mantém, além do Hospital de Torres, o Mãe de Deus e o Santa Ana, em Porto Alegre, e o Santa Luzia, em Capão da Canoa. Essa unidade do Litoral Norte, seguirá sob gestão da AESC, conforme o diretor.
Leia a entrevista
Litoral na Rede: O que motiva a decisão da AESC em abrir mão do Hospital de Torres?
Maximiliano das Chagas Marques, diretor executivo de Saúde Complementar da AESC – A AESC, em seu planejamento estratégico, tomou a decisão de concentrar os seus serviços de saúde em torno de onde estão as suas maiores unidades, que hoje se concentram na cidade de Porto Alegre.
O objetivo principal desta medida, de trazer os seus serviços de saúde para um raio geográfico de alcance e de influência da Capital, é para obter uma maior partilha de estruturas, de conhecimento, de eficiência operacional e de ganho de escala. A principal motivação deste comunicado público e deste processo de constituição de uma cessão operacional em Torres é a compreensão de que esta cidade, neste momento, está para além do alcance geográfico.
Litoral na Rede: Existe alguma possibilidade de a AESC também repassar à outra mantenedora o Hospital Santa Luzia de Capão da Canoa?
Maximiliano: O procedimento estabelecido é específico do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes e é delimitado à cidade de Torres, justamente pela percepção da distância geográfica e da complexidade operacional e logística que ela estabelece na sua relação com os nossos serviços e com a nossa concentração de atividades.
Litoral na Rede: Como está sendo feita esta transição? Já há tratativas com outras possíveis mantenedoras? Em caso positivo, é possível revelar qual ou quais? E qual seria a previsão para esta sucessão?
Maximiliano: A AESC conduz os procedimentos de cessão operacional do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres em estreito diálogo com o poder público, os órgãos de controle e a sociedade. Nossa mensagem principal ao tornar aberto o nosso posicionamento em relação às unidades e a nossa racionalidade de concentração em direção a Porto Alegre é que a sociedade se tranquilize em relação à continuidade e à forma como os serviços são prestados.
As instituições que se candidatarem ao procedimento de sucessão deverão cumprir requisitos e também se submeter ao crivo desses órgãos acionados. Este é o procedimento que tem sido conduzido até aqui e é com estes agentes, o poder público, os órgãos de controle e a sociedade, que a gente vai levar até a sua materialização de forma definitiva.
Litoral na Rede: Esta transição acaba gerando preocupação aos usuários do hospital. O que a AESC pode dizer para tranquilizar as pessoas? Há algum risco de prejuízo aos atendimentos durante esta transição?
Maximiliano: Compreendemos que todo o processo de mudança gera medo, ansiedade, apreensão, receio do desconhecido. Mas, do mesmo modo, compreendemos que mudar é natural da vida das organizações e da nossa vida. No caso do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, de Torres, ele, por si só, já mudou ao longo do tempo. Mudou de tamanho, em diversidade de serviços, inclusive, de administração, em 1997. Então, nesses 26 anos, nós, enquanto instituição, construímos laços fortes de respeito, de confiança, de resolutividade com a sociedade torrense, e não vai ser diferente nesse momento.
Conduzimos esse procedimento de forma aberta, pública e dialogada, justamente para que todos saibam que a continuidade do hospital é o nosso maior valor. A semelhança de valores e de interesses da instituição que venha a se construir como sucessora também são requisitos de todo esse processo.
E como reforço da mensagem institucional oficial de continuidade dos serviços, de continuidade do cuidado da comunidade torrense, também é importante conversar nesse canal público com os gestores públicos, com os nossos colaboradores, com os nossos fornecedores e com todos aqueles que contribuem com as nossas ações no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, dizer que a nossa principal preocupação e a nossa principal atenção são a continuidade do serviço.
Então, vamos, desde o primeiro momento até o marco temporal da sucessão, trabalhar intensamente e assegurar a continuidade do que se tem, das relações e dos vínculos. Essa é a mensagem principal, uma mensagem de tranquilidade, de transparência e, principalmente, de que a comunidade torrense será continuamente informada, por nós, do que está acontecendo. Porque esse é o nosso maior interesse, que as pessoas saibam de uma fonte confiável e fidedigna o que realmente se pretende e onde se vai chegar.