De Osório para o mundo: conheça a história do atleta paralímpico Ricardinho

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Foto: Marcio Rodrigues/CPB/MPIX

Você já deve ter ouvido falar de Cristiano Ronaldo, Marta, Messi. O que eles têm em comum? Já foram escolhidos os melhores jogadores de futebol do mundo. E o que dizer do gaúcho Ricardinho?

Natural de Osório, Ricardo Steinmetz Alves tem 30 anos de idade, já foi eleito cinco vezes o melhor jogador cego de futebol do Brasil e três vezes o melhor do mundo. Até o momento, contabiliza 303 gols na carreira, sendo 113 pela seleção.

Ricardinho enxergava bem até os seis anos de idade, quando entrou na escola. Nessa época, começou a apresentar algumas dificuldades para escrever e desenhar. Foi numa consulta ao oftalmologista que a família descobriu que ele tinha descolamento de retina.

A perda da visão

Em entrevista ao Litoral na Rede, o atleta relatou que, depois de dois anos de tratamento e cinco cirurgias, perdeu completamente a visão. Antes mesmo disso acontecer, Ricardinho já era apaixonado por futebol. A semente já estava plantada no coração de quem, mesmo sem poder enxergar, viria a conquistar o mundo com seu talento.

“Sempre foi um sonho me tornar atleta profissional. Quando perdi a visão, sinceramente, achei que nunca mais poderia jogar bola”, admite. “Mas com 10 anos descobri a modalidade do futebol paralímpico, comecei a treinar na escola e aos 15 anos fui para meu primeiro clube”.

O jogador comenta que o processo é mais difícil. Exige treinador capacitado, espaço físico adaptado e seguro para o futebol de cinco destinado a pessoas com deficiência visual. No entanto, “não faltou empenho da minha parte, das pessoas que trabalharam comigo, da minha família também. Então, fui lidando da melhor forma e o resultado que eu tanto sonhei foi atingido”.

Volta por cima

Na opinião de Ricardinho, a história mais marcante aconteceu em 2016, ano das Paralimpíadas no Rio de Janeiro. “Eu sabia que os atletas da minha geração muito provavelmente não teriam outra oportunidade de participar de mais uma Paralimpíada no Brasil, ‘dentro de casa’.”

Às vésperas da competição, quatro meses antes, o osoriense sofreu uma lesão muito grave. Fraturou a fíbula, rompendo dois ligamentos do tornozelo esquerdo.

“Muita gente achou que eu não conseguiria participar”, relata. “Fiz cirurgia, fisioterapia e, com muita dedicação, pude participar da competição com muitas limitações e dor. A parte física ficou um pouco prejudicada porque não pude treinar como os demais companheiros, mas foi marcante porque joguei e ainda fiz o gol do título”.

Galeria de Troféus

Em seu currículo, estão várias conquistas: três paralimpíadas, três mundiais, três parapan-americanos e três campeonatos brasileiros.

Mais recentemente, tornou-se tetracampeão da Copa América. A final foi contra a Argentina e a seleção canarinho venceu por 2 a 0. Ricardinho sofreu o pênalti responsável por abrir o marcador.

Ricardinho ao lado do governador Eduardo Leite. Foto: Itamar Aguiar / Palácio Piratini

Rumo ao Peru

Na semana passada, Ricardinho e outros 11 atletas gaúchos foram homenageados no Palácio Piratini, sede do governo do estado.

De 23 a 1º de setembro, ele fará parte da delegação brasileira em Lima, capital do Peru, participando da sexta edição dos Jogos Parapan-Americanos.

“Não são vocês que precisam nos agradecer, somos nós que devemos agradecimentos a vocês pelo bonito exemplo de superação e de realização de façanhas”, afirmou o governador Eduardo Leite durante a cerimônia.

Um exemplo a ser seguido

Ele tem noção de que, com as proporções alcançadas em sua carreira, acaba servindo de inspiração para muita gente. Questionado sobre o que representa ser um verdadeiro herói, o multicampeão de Osório – e, por que não, do mundo – deixa um recado para todos.

“Na vida, passamos por situações adversas. Seria uma utopia achar que não passaríamos por dificuldades. Se eu fosse definir um herói, diria que é uma pessoa que representa bem o papel que pra si foi destinado. No meu caso, não só dentro das quatro linhas do gramado, mas fora também. Nós devemos ser um exemplo positivo em tudo o que a gente faz, principalmente para as crianças”.

“Eu também me espelho em pessoas assim. Acredito que dessa forma vamos acabar construindo um mundo melhor”, conclui Ricardinho.

Foto: Marcio Rodrigues/CPB/MPIX

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