
A prisão de uma quadrilha de narcotraficantes em agosto de 2017 em Tramandaí foi um dos ponto de partida da Operação Planum, deflagrada nesta quinta-feira (29) pela Polícia Federal em cinco estados brasileiros contra o tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Nesta manhã, três mandados de busca foram cumpridos no município do Litoral Norte.
Ao todo, mais de 200 agentes cumprem 21 mandados de prisão e 40 mandados de buscas e apreensão no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás. Também há ordens para sequestro e bloqueio de imóveis, fazendas, aeronaves, embarcações, veículos e contas bancárias, estimados em mais de R$ 25 milhões.
Segundo a PF, a investigação do esquema criminoso teve início a partir da prisão do traficante José Paulo Vieira de Mello, de 48 anos, conhecido como Paulo Seco, ligado ao Comando Vermelho e a Fernandinho Beira Mar, no dia 10 de agosto de 2017, em Tramandaí. O criminoso e outras oito pessoas foram detidos pela Brigada Militar em uma residência de Alto Padrão no bairro Cruzeiro do Sul.

Tramandaí em 2017. Foto: Arquivo / Brigada Militar
Na ocasião, Paulo Seco ofereceu suborno de R$ 1 milhão aos policiais militares para que todos os integrantes da quadrilha fossem liberados. A oferta foi rejeitada pelos integrantes da 3ª Companhia do 2º Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas, que foram condecorados pela prisão do narcotraficante.
Como funcionava o esquema criminoso
A Polícia Federal identificou que aviões partiam de Mato Grosso do Sul para serem carregados com grande quantidade de cocaína (em média 500 quilos) na Bolívia e seguiam até o Rio Grande do Sul, onde pousavam em fazendas adquiridas pela organização criminosa. Posteriormente, a droga seguia por via rodoviária para outros estados e permanecia em depósitos até ser despachada para a Europa através de portos brasileiros.
Uma das apreensões ocorreu no terminal portuário de Navegantes (SC), em 06 de maio de 2016, quando 811 quilos da droga, escondidos em blocos de granito, foram localizados pela Receita Federal em contêineres que seriam despachados para a Espanha. Em outra apreensão, em 23 de junho deste ano, a Polícia Federal flagrou 448 quilos da droga escondidos em um bloco de concreto, em um caminhão que trafegava pelo município de Unistalda (RS).
Até o momento, foi possível comprovar o volume de 2,2 toneladas de cocaína que foram enviadas ou que seriam despachadas do Brasil para a Europa pelo grupo criminoso.
Análise de dados bancários e fiscais e informações compartilhadas pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, após a prisão de Paulo Seco em Tramandaí possibilitaram o rastreamento do fluxo financeiro do grupo criminoso, indicando a utilização de doleiros em São Paulo para o pagamento das transações do tráfico de drogas no exterior.
A investigação aponta para um banco informal responsável pela lavagem de dinheiro oriundo de diversos crimes, além do tráfico de drogas, como contrabando e outros ilícitos. A movimentação dessa instituição financeira clandestina foi de aproximadamente 1,4 bilhão de reais nos últimos três anos.
A investigação já rastreou cerca de 90 empresas de fachada e 70 pessoas empregadas como “laranjas” do grupo para a operacionalização da lavagem de dinheiro e operações de câmbio ilegais.
Os crimes investigados na Operação Planum são organização criminosa, tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico de drogas, operação de instituição financeira sem a devida autorização, operação de câmbio não autorizada e lavagem de dinheiro.