O que está esclarecido e o que falta saber no caso da menina sequestrada e abusada em Tramandaí

Criança de 9 anos foi encontrada trancada no alçapão de um armazém; saiba como a polícia chegou ao suspeito, como está a vítima e os desdobramentos do crime

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Criança estava trancada em um alçapão com tampa de concreto. Foto: Reprodução / redes sociais

Poucas horas após encerrar as buscas a uma menina de 9 anos que foi sequestrada e abusada, na tarde desta terça-feira (25), no bairro Parque dos Presidentes, em Tramandaí, a polícia ainda trabalha para montar o quebra-cabeças da história. O caso terminou com o resgate da criança e a morte do suspeito de ter cometido o abuso.

A vítima foi localizada por policiais militares por volta das 9h30 desta quarta-feira (26), no alçapão de um armazém. Caixas de cerveja estavam sobre o buraco minúsculo no chão, de onde a menor foi retirada após quase 20 horas de buscas.

O Litoral na Rede apurou junto à Polícia Civil (PC), Brigada Militar (BM) e outras fontes os pontos já esclarecidos da história e elencará aquilo que ainda será apurado pela investigação.

Em respeito à legislação e à preservação da identidade da vítima, o Litoral na Rede não divulgará os nomes da criança e de seus familiares.

O desaparecimento

A história teve início no fim da tarde da terça-feira (25), quando a mãe da menina procurou a polícia comunicando o sumiço da filha. Após relatar para a família que estava com calor dentro de casa, a criança decidiu ir até uma praça próxima para brincar.

Foi nesse momento que o suspeito a abordou, oferecendo um picolé, e a conduziu até um estabelecimento comercial de sua propriedade. No local, a menina foi mantida em cativeiro dentro de um alçapão e sofreu abuso sexual.

Quando a criança demorou a retornar, familiares estranharam e acionaram a polícia. Durante as buscas, o padrasto da menor esteve no comércio do suspeito e passou a desconfiar dele. Imagens de câmeras de segurança auxiliaram na investigação, mostrando que a menina havia entrado no local e não havia saído.

O resgate

Na manhã desta quarta, policiais militares retornaram ao estabelecimento, ouviram gritos vindos da parte dos fundos do prédio e começaram a vasculhar o local.

A menina estava presa no alçapão do comércio mantido pelo homem de 61 anos. Ela foi resgatada e encaminhada imediatamente para atendimento médico.

O local do crime

Fontes ouvidas pela reportagem do portal Litoral na Rede afirmaram que havia drogas, preservativo e sangue humano no estabelecimento comercial do suspeito de abusar da menina.

O material foi recolhido por equipes do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e será submetido à perícia. Os laudos devem apontar se o sangue pertence à criança e também poderão apontar se o homem teria cometido algum crime anterior a esse.

O linchamento

O resgate da menina gerou indignação e revolta na população local. Com as buscas encerradas e o suspeito identificado, populares invadiram a loja, atacaram o homem com socos e destruíram seu carro que estava estacionado em frente ao armazém.

Uma ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) esteve no local. O homem foi conduzido ao hospital, mas chegou morto à instituição. Durante a confusão, três policiais foram atingidos por pedras arremessadas pela população contra a ambulância onde o suspeito foi colocado.

Conforme o delegado Alexandre Souza, titular da DP de Tramanadaí, as consequências do linchamento dependerão da identificação dos autores. Há chance de que eles sejam indiciados por homicídio. Uma eventual condenação, porém, dependerá do entendimento do tribunal do júri.

“Foram instaurados dois inquéritos policiais. Um da garota como vítima, que é do estupro e do cárcere privado, e outro para apurar quem foram os autores [do linchamento]”, resumiu o delegado ao Litoral na Rede.

Policiais militares cercaram o armazém onde estava a criança e o suspeito foi linchado.

Histórico criminal do suspeito e possíveis vítimas

O suspeito Marco Antônio Jacob possuía antecedentes criminais. Em 2020, foi condenado por agredir uma adolescente de 17 anos em Porto Alegre. A informação foi confirmada pelo delegado Alexandre Souza à reportagem do portal Litoral na Rede.

O histórico criminal do homem inclui, além desse crime, passagens por tráfico de drogas, furto e crueldade contra animais. Conforme a polícia, não há, até o momento, nenhum indício de que ele possa ter praticado crimes contra outras meninas no comércio que mantinha em Tramandaí.

Vitima recebe atendimento especializado em Porto Alegre

Após o resgate, a criança foi encaminhada para Porto Alegre, onde recebe acompanhamento de profissionais de diversas áreas, especializados em suporte a vítimas de violência sexual. Ela também iniciou tratamento profilático para prevenir doenças sexualmente transmissíveis.

No local, a garota recebe cuidados de uma equipe multidisciplinar, incluindo atendimento psicológico, ginecológico e pediátrico. O serviço também encaminha vítimas para tratamentos terapêuticos e auxilia nas investigações policiais.

“Ela passará por uma perícia psicológica e psiquiátrica, depois será ouvida por uma perícia técnica”, acrescenta o delegado.

Conclusão do inquérito

“A gente trabalha para fechar esses inquéritos o mais rápido possível. Já temos autoria, vamos depender da perícia técnica. Acredito que em 15 dias, 30 dias, no máximo”, finaliza Souza.

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